quarta-feira, 8 de junho de 2016

Refeições veganas farão parte do cardápio dos Jogos Olímpicos 2016

Opções de pratos sem carne e produtos de origem animal serão oferecidas para atletas e delegações

Via Literato Comunicação e Conteúdo


Uma boa notícia para os atletas veganos que estarão no Brasil para os Jogos Olímpicos 2016, que acontecem no Rio de Janeiro de 5 a 21 de agosto: refeições vegetarianas estritas (sem nenhum produto de origem animal) farão parte do cardápio gratuito que será oferecido para atletas, delegações e imprensa ao longo do evento, conforme garantiu o Comitê Olímpico em reunião realizada com a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e outras ONGs que participaram da iniciativa Rio Alimentação Sustentável, que tem como objetivo apoiar o Comitê na viabilização de  refeições saudáveis e sustentáveis no evento.

A decisão do Comitê é fundamental: um levantamento realizado pela SVB aponta que 24% das refeições consumidas por atletas e visitantes nos Jogos Olímpicos de 2016 serão vegetarianas se houver oferta apropriada à esta demanda. A estimativa foi calculada somando a porcentagem de refeições vegetarianas consumidas por onívoros (17% - dados do Instituto Harris Interactive, dos EUA) e porcentual de vegetarianos visitantes dos jogos (7%), calculada a partir da proporção média de visitantes de cada país (dados do Anuário Estatístico de Turismo 2015), multiplicada pela proporção de vegetarianos dos respectivos países.

Além da alimentação dos atletas, a SVB está empenhada em garantir, junto ao Comitê Olímpico, que o público em geral também tenha alternativas vegetarianas. “Queremos garantir a oferta apropriada de opções alimentares para este público, que representa uma parcela substancial da população de brasileiros e estrangeiros”, diz o secretário-executivo da SVB, Guilherme Carvalho. De acordo com o Comitê, existirão 86 pontos de venda de comida cadastrados (o número não inclui vendedores ambulantes).

Para a coordenadora do Departamento de Meio Ambiente da SVB, Dra. Cynthia Schuck, a oferta de refeições vegetarianas nos jogos reflete os princípios de sustentabilidade promovidos pelo evento. “A substituição de alimentos de origem animal por alternativas vegetais tem contribuição decisiva na preservação de recursos naturais e mitigação das principais crises ambientais atuais”, diz Cynthia. Atualmente, mais de 75% das terras agrícolas do planeta são usadas para pastagem ou produção de ração. No Brasil, para cada R$ 1 milhão da receita da pecuária bovina, são gerados R$ 22 milhões de prejuízos com impactos ambientais.

Além disso, a existência de opções veganas no cardápio estimula hábitos alimentares mais saudáveis – a literatura científica mostra que a substituição de carnes e derivados por alimentos vegetais de valor nutricional equivalente ajudam a prevenir doenças crônicas como diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer.

Logística


Ainda segundo a pesquisa da SVB, a oferta de refeições vegetarianas estritas facilitará a logística de atendimento de fornecedores, já que, além de atender pessoas que não consomem carnes e derivados, os pratos veganos também contemplam outros grupos, como: intolerantes à lactose (mais de 50% da população sul-americana); portadores de alergias alimentares (a ovos, frutos do mar, peixes e leite); Judeus (refeições vegetarianas estritas também são Kosher), Hindús (15% da população mundial) e Adventistas (mais de 2 milhões de pessoas na América do Sul).

Atletas


Para a atleta vegana Fernanda Cristina Ferreira, a Fernandinha, ex-atleta de vôlei e medalha de ouro pela Seleção Brasileira nas Olimpíadas de 2012, a inclusão das refeições é de extrema importância, tanto para atletas e dirigentes que já são vegetarianos e veganos, como para onívoros. “Às vezes um amigo não vegano almoça junto, acaba provando um prato veggie e se surpreende com o sabor. Fala para outras pessoas, e assim um bom ciclo continua. Uma forma de fazer as pessoas pensarem sobre não comer carne e produtos de origem animal é convencer pelo paladar. Dessa forma, elas perceberão que não vão precisar abrir mão do sabor”, acredita.

Ela percebeu, inclusive, avanços em sua performance esportiva. “Uma das coisas que melhorou muito foi a minha recuperação muscular. Em dia pós-jogo, que costumava ser difícil acordar e ter muitas dores, eu passei a levantar sem despertador, disposta e feliz. No próximo treino eu já estava me sentindo pronta, diferente de quando minha alimentação era onívora. Outra coisa importante que pude perceber foram menos lesões”, conta.

Muitos atletas veganos, de diferentes áreas esportivas, são conhecidos pelo seu bom desempenho: O fisiculturista Frank Medrano, referência mundial em Calistenia; a maratonista Fiona Oakes, que também é responsável por um santuário animal; a tenista Venus Williams, vencedora de mais de 40 títulos e medalha de ouro em três Olimpíadas, e o jogador argentino Sergio Agüero (que tem uma alimentação vegetariana), atacante do Manchester City.

Fernandinha, que se tornou vegana depois de assistir a um vídeo do ativista animal norte-americano Gary Yourofsky, já não usava roupas e sapatos de couro ou lã, boicotava circos e parques com animais e procurava produtos não testados em animais.Depois de assistir ao ativista, excluiu carne e todos os produtos de origem animal de sua alimentação. “Fiz o caminho contrário, digamos. E simplesmente decidi que eu não podia compactuar com uma indústria que causa tamanho sofrimento aos animais”.

Segundo a atleta, a alimentação vegana mudou também sua forma de enxergar a vida. “O mundo precisa de mais amor. As pessoas estão impacientes, intolerantes, agressivas, e não sabem como a alimentação influencia nisso. Quando me tornei vegana achei que beneficiaria só os animais, mas descobri que eu fui a maior beneficiada. Tudo em mim melhorou, fora o planeta também, pois me preocupo com que mundo vou deixar para os meus filhos e netos.

Fernandinha vê o crescimento do vegetarianismo no Brasil como um momento de transformação. “Recebo semanalmente mensagens de amigos e fãs dizendo que estão se tornando vegetarianos ou veganos por causa da minha influência, dos vídeos e textos que posto. E é isso que veganos devem fazer. Ajudar os outros a despertarem”.

Vegetarianismo mostra-se popular no Brasil


Larissa Pessi


Já em 2007 a IPSOS, terceira maior empresa de pesquisa do mundo, verificou a tendência ao vegetarianismo: 28% da população brasileira declarou querer reduzir o consumo de carne. De fato, o interesse em tal dieta aumentou no Brasil, declarado como o segundo país no ranking mundial com mais adeptos, 8% (cerca de 15,2 milhões de pessoas - IBOPE, 2012). Em Fortaleza (CE), 14% da população se declarou vegetariana, maior quantidade no país, seguida por Curitiba (11%), e Brasília, Recife e Rio de Janeiro (10%). Porto Alegre, assim como o Estado do Rio Grande do Sul, aparece com 6% de sua população total adepta ao vegetarianismo, menor índice entre as áreas pesquisadas pelo IBOPE.




A pesquisa também revelou que 10% das pessoas entre 65 e 75 anos aderem a esta dieta, percentual maior que o das mulheres e dos homens de 20 a 24 anos e de 35 a 44 anos - 7%.

E os motivos para a mudança dos hábitos alimentares vão além das razões éticas, ambientais e sociais. Parar o consumo de carnes e derivados também surge como alternativa a pessoas intolerantes à lactose (70% dos brasileiros adultos) e alérgicas a produtos de origem animal.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Orgânicos produzidos pelo MST têm novo ponto de venda em Porto Alegre

Larissa Pessi


Respondendo à demanda da Associação dos Moradores e Amigos da Auxiliadora (AMA), às 13 outras bancas somam-se três famílias do MST das cidades de Nova Santa Rita e de Eldorado do Sul que agora estão vendendo seus produtos no bairro. A sétima feira orgânica de Porto Alegre ocorre na Passagem de Pedestres Lanceiros Negros todas as terças-feiras, das 7 às 13 horas.

Nas bancas destes produtores estão disponíveis temperos, berinjela, couve-flor, alface, espinafre, pimentão, rabanete, beterraba, batata-doce, abóbora, aipim, arroz agroecológico, limão, plantas medicinais, entre outros. Os preços variam entre R$ 2,00 e R$ 8,00.


Comercialização de produtos orgânicos. Fonte: MST.


No primeiro dia da nova feira, as 15 caixas de produção de Dona Zelinda Wink, 56 anos, se esvaziaram rapidamente. Ela pertence ao Assentamento Itapuí de Nova Santa Rita e trabalha com hortas desde 1988. Seus produtos também são destinados ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

“Este passo a mais que estamos dando é uma das melhores coisas que está acontecendo para a nossa família, porque vai nos ajudar na renda e a ter melhores condições de vida. Esperamos colher bons frutos e ao longo das semanas já ter nossos fregueses; o pessoal já veio pedir feira duas vezes por semana”, relata a assentada.


Produtos orgânicos. Foto: Teia Orgânica.


Após 11 anos sem comercializar seus produtos em feiras, Daniel Audibert, 49 anos, do Assentamento Integração Gaúcha de Eldorado do Sul, retornou a esta atividade. Até então, toda sua produção era, assim como a de Dona Zelinda, destinada ao PNAE, PAA e a Loja da Reforma Agrária, localizada no Centro, no Mercado Público de Porto Alegre.


“Há cinco anos já vinha discutindo a retomada das feiras e agora que isso se consolidou temos expectativas de um futuro melhor e com mais qualidade de vida, tanto para nós do campo que produzimos, quanto para a população da cidade que consome”, destaca.


A moradora do Bairro Auxiliadora há 60 anos Maria Regina Silva nutre as mesmas expectativas que o produtor Daniel. Em suas palavras, “o bairro tem tudo o que a população precisa, só não tinha uma feira orgânica.É uma iniciativa que veio para nos engrandecer e, com certeza, é um diferencial para quem procura qualidade de vida”, complementa.


Produtos orgânicos. Fonte: Coagris – Cooperativa de Agricultores Orgânicos e Solidários de Ibiúna.


Conforme o representante da Cooperativa Central dos Assentamentos do Rio Grande do Sul (Coceargs) no Conselho das Feiras Ecológicas de Porto Alegre, Arnaldo Soares, as feiras atendem parte das demandas das famílias assentadas do estado, em torno da produção e comercialização.


“Além de ser um espaço para vender alimentos, é uma ótima oportunidade para dialogar sobre nossa bandeira de luta da alimentação saudável e estabelecer relações de confiança com a sociedade”, conclui Soares.